O NAVIO NEGREIRO - Castro Alves
Senhor Deus dos desgraçados!
Dizei-me vós, Senhor Deus!
Se é loucura... se é verdade
Tanto horror perante os céus...
Ó mar! por que não apagas
Co'a esponja de tuas vagas
De teu manto este borrão?...
Astros! noite! tempestades!
Rolai das imensidades!
Varrei os mares, tufão!...
Quem são estes desgraçados,
Que não encontram em vós,
Mais que o rir calmo da turba
Que excita a fúria do algoz?
Quem são?... Se a estrela se cala,
Se a vaga à pressa resvala
Como um cúmplice fugaz,
Perante a noite confusa...
Dize-o tu, severa musa,
Musa libérrima, audaz!
São os filhos do deserto
Onde a terra esposa a luz.
Onde voa em campo aberto
A tribo dos homens nus...
São os guerreiros ousados,
Que com os tigres mosqueados
Combatem na solidão...
Homens simples, fortes, bravos...
Hoje míseros escravos
Sem ar, sem luz, sem razão...
São mulheres desgraçadas
Como Agar o foi também,
Que sedentas, alquebradas,
De longe... bem longe vêm...
Trazendo com tíbios passos,
Filhos e algemas nos braços,
N'alma — lágrimas e fel.
Como Agar sofrendo tanto
Que nem o leite do pranto
Têm que dar para Ismael...
Lá nas areias infindas,
Das palmeiras no país,
Nasceram — crianças lindas,
Viveram — moças gentis...
Passa um dia a caravana
Quando a virgem na cabana
Cisma da noite nos véus...
...Adeus! ó choça do monte!...
...Adeus! palmeiras da fonte!...
...Adeus! amores... adeus!...
Depois o areal extenso...
Depois o oceano de pó...
Depois no horizonte imenso
Desertos... desertos só...
E a fome, o cansaço, a sede...
Ai! quanto infeliz que cede,
E cai p'ra não mais s'erguer!...
Vaga um lugar na cadeia,
Mas o chacal sobre a areia
Acha um corpo que roer...
Ontem a Serra Leoa,
A guerra, a caça ao leão,
O sono dormindo à toa
Sob as tendas d'amplidão...
Hoje... o porão negro, fundo,
Infecto, apertado, imundo,
tendo a peste por jaguar...
E o sono sempre cortado
Pelo arranco de um finado,
E o baque de um corpo ao mar...
Ontem plena liberdade,
A vontade por poder...
Hoje... cum'lo de maldade
Nem são livres p'ra... morrer...
Prende-os a mesma corrente
— Férrea, lúgubre serpente —
Nas rôscas da escravidão.
E assim roubados à morte,
Dança a lúgubre coorte
Ao som do açoite... Irrisão!...
Senhor Deus dos desgraçados!
Dizei-me vós, Senhor Deus!
Se eu deliro... ou se é verdade
Tanto horror perante os céus...
Ó mar, por que não apagas
Co'a esponja de tuas vagas
De teu manto este borrão?...
Astros! noite! tempestades!
Rolai das imensidades!
Varrei os mares, tufão!...
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Jogo - 1822 O caminho da Independência do Brasil
D. Afonso Henriques
Com a história também nos divertimos!
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A Peste Negra
O Ano da Peste Negra
Coleção: Viagens no Tempo - volume 3
http://glups.leya.com/_media/files/2011/Jan/o_ano_da_peste_negra_qqnh.pdfAlgumas curiosidades sobre a Peste Negra
A Peste
Negra foi uma epidemia que atingiu a Europa, a China, o Oriente Médio e outras
regiões do Mundo durante o século XIV
(1347-1350), matando um terço da população da Europa e proporções provavelmente
semelhantes nas outras regiões. Esta doença era muito contagiosa, até os
animais domésticos adoeciam. A peste negra entrou em Portugal em 1348. Os
médicos (chamados físicos) para evitarem
o contágio, usavam um traje especial: uma túnica de tecido grosso e felpudo,
com um cheiro intenso, luvas grossas e uma espécie de máscara em forma de bico
de pássaro, furada para poderem respirar. Era cheia de ervas aromáticas (para
«filtrar» o ar). Sem se saber a verdadeira causa da epidemia recorria-se muitas
vezes a tratamentos bizarros:
- Vento engarrafado.
- Xarope de urina coada por um pano.
- Pó de texugo.
Em França há
referências a uma dieta especial:
- só alimentos frios, húmidos e aquosos como o peixe.
Em Itália recomendava-se:
- não pensar na morte;
- ocupar o espírito em coisas divertidas e agradáveis;
- ouvir histórias e lindas canções;
- contemplar ouro, prata e pedras preciosas.
Na Hungria:
- acreditava-se que o ar podia ser purificado com cheiros muito intensos ( como o dos bodes). Famílias inteiras dormiam com bodes no quarto.
A este
respeito conta-se também que o Papa Clemente VI, que estava na cidade de
Avinhão, foi aconselhado a manter-se sempre entre duas fogueiras, acesas dia e
noite.Ele seguiu à risca o conselho, apesar de
ser Verão e fazer muito calor naquela zona. O Papa não apanhou a doença.
(As altas
temperaturas impediram a aproximação das pulgas.)
Uma medida eficaz: a quarentena -
Consistia em obrigar todas as pessoas que vinham de fora a ficar isoladas
durante 40 dias. Passado
esse tempo, se estivessem com saúde podiam conviver com os restantes.
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